Literatura Infantil
Literatura Infantil
Descobrir, explorar, aprender… E criar novos mundos, novas realidades – o céu não é o limite para aquele que lê!
Embora tenhamos informações em excesso a cada vez que “surfamos” no mundo virtual, a literatura apresenta a crianças, jovens e adultos um horizonte infinito em histórias, romances, poemas, contos, e muito mais.
Mas… o que é mesmo literatura? A palavra literatura vem do latim “litteris” que significa “letra”, que também quer dizer “escritos, cartas” e parece referir-se, primordialmente, à palavra escrita ou impressa. Em latim, literatura significa uma instrução ou um conjunto de saberes ou habilidades de escrever e ler bem e se relaciona com as artes da gramática, da retórica e da poética. Segundo o crítico e historiador literário José Veríssimo, várias são as acepções do termo literatura: conjunto da produção intelectual humana escrita; conjunto de obras literárias; conjunto das obras sobre um dado assunto, ao que chamamos bibliografia de um assunto ou matéria; boas letras; e uma variedade de Arte, a arte literária.
A designação infantil faz com que esta modalidade literária seja considerada "menor" por alguns, infelizmente.
Principalmente os educadores vivenciam de perto a evolução do maravilhoso ser que é a criança. O contato com textos recheados de encantamento faz-nos perceber quão importante e cheia de responsabilidade é toda forma de literatura.
A palavra literatura é intransitiva e, independente do adjetivo que receba, é arte e deleite. Sendo assim, o termo infantil associado à literatura não significa que ela tenha sido feita necessariamente para crianças. Na verdade, a literatura infantil acaba sendo aquela que corresponde, de alguma forma, aos anseios do leitor e que se identifique com ele.
A autêntica literatura infantil não deve ser feita essencialmente com intenção pedagógica, didática ou para incentivar hábito de leitura. Este tipo de texto deve ser produzido pela criança que há em cada um de nós. Assim o poder de cativar esse público tão exigente e importante aparece.
O grande segredo é trabalhar o imaginário e a fantasia.
Origens da Literatura Infantil
O impulso de contar histórias deve ter nascido no homem, no momento em que ele sentiu necessidade de comunicar aos outros alguma experiência sua, que poderia ter significação para todos. Não há povo que não se orgulhe de suas histórias, tradições e lendas, pois são a expressão de sua cultura e devem ser preservadas. Concentra-se aqui a íntima relação entre a literatura e a oralidade.
A célula máter da Literatura Infantil, hoje conhecida como "clássica", encontra-se na Novelística Popular Medieval que tem suas origens na Índia. Descobriu-se que, desde essa época, a palavra impôs-se ao homem como algo mágico, como um poder misterioso, que tanto poderia proteger, como ameaçar, construir ou destruir. São também de caráter mágico ou fantasioso as narrativas conhecidas hoje como literatura primordial. Nela foi descoberto o fundo fabuloso das narrativas orientais, que se forjaram durante séculos a.C., e se difundiram por todo o mundo, através da tradição oral.
A Literatura Infantil constitui-se como gênero durante o século XVII, época em que as mudanças na estrutura da sociedade desencadearam repercussões no âmbito artístico.
O aparecimento da Literatura Infantil tem características próprias, pois decorre da ascensão da família burguesa, do novo "status" concedido à infância na sociedade e da reorganização da escola. Sua emergência deveu-se, antes de tudo, à sua associação com a Pedagogia, já que as histórias eram elaboradas para se converterem em instrumento dela.
É a partir do século XVIII que a criança passa a ser considerada um ser diferente do adulto, com necessidades e características próprias, pelo que deveria distanciar-se da vida dos mais velhos e receber uma educação especial, que a preparasse para a vida adulta.
No final do século XVII foram escritos os primeiros livros destinados a crianças. No entanto, eles não podem ser ainda considerados literatura. Eles são escritos por professores e sua função consistia em ensinar valores, hábitos e ajudar a enfrentar a realidade social. Em outras palavras, eles propiciavam uma leitura utilitária. Nessa época, a criança era considerada um adulto em miniatura, que participava da vida adulta, inclusive tomando contato com sua literatura.
Foi somente no século XVIII que o conceito de criança começou a mudar. A criança passou a ser considerada como criança e um tipo específico de literatura foi desenvolvido para ela. Esse tipo de literatura foi denominada literatura infantil. Antes daquela época, as crianças da nobreza liam os grandes clássicos e as crianças das classes populares liam lendas e contos folclóricos. Com o passar do tempo, esses clássicos sofreram adaptações e os contos folclóricos inspiraram os contos de fadas. Vejamos alguns exemplos de autores e obras de literatura infantil:
Perrault: “Chapeuzinho Vermelho”, “A Bela Adormecida”, “O Barba Azul”, “O Gato de Botas”, “Pequeno Polegar”, etc.
Irmãos Grimm: “A gata borralheira” (que de tão famosa recebeu mais de 300 versões pelo mundo afora), “Branca de Neve”, “Os Músicos de Bremen”, “João e Maria”, etc.
Andersen: “O Patinho Feio”
Charles Dickens: “Oliver Twist”, “David Copperfield”
La Fontaine: “O Lobo e o Cordeiro”
Esopo: “A lebre e a tartaruga”, “O lobo e a cegonha”, “O leão apaixonado”
A literatura infantil chegou ao Brasil no final do século XIX. Carlos Jansen e Alberto Figueiredo Pimentel foram os primeiros brasileiros a se preocuparem com a literatura infantil no país. Com Thales de Andrade, em 1917, aliteratura infantil nacional teve início. Outras obras são as obras de Carlos Jansen (“Contos seletos das mil e uma noites”), Figueiredo Pimentel (“Contos da Carochinha”), Coelho Neto, Olavo Bilac e Tales de Andrade. E foi em 1921 que Monteiro Lobato estreou com “Narizinho Arrebitado”, apresentando ao mundo Emília, a mais moderna e encantadora fada humanizada . Algumas de suas principais obras são Urupês, Sítio do Pica-pau Amarelo, Reinações de Narizinho, O Minotauro, Negrinha e Cidades Mortas.
As Mil e Uma Noites
Coleção de contos árabes (Alf Lailah Oua Lailah) compilados provavelmente entre os séculos XIII e XVI. São estruturados como histórias em cadeia, em que cada conto termina com uma deixa que o liga ao seguinte. Essa estruturação força o ouvinte curioso a retornar para continuar a história, interrompida com suspense no ar.
Foi o orientalista francês Antoine Galland o responsável por tornar o livro de As mil e uma Noites conhecido no ocidente (1704). Não existe texto fixo para a obra, variando seu conteúdo de manuscrito a manuscrito. Os árabes foram reunindo e adaptando esses contos maravilhosos de várias tradições. Assim, os contos mais antigos são provavelmente do Egito do séc. XII. A eles foram sendo agregados contos hindus, persas, siríacos e judaicos.
O uso do número 1001 sugere que podem aparecer mais histórias, ligadas por um fio condutor infinito. Usar 1000 talvez desse a idéia de fechamento, inteiro, que não caracteriza a proposta da obra.
Monteiro Lobato: um marco na literatura infantil
O gosto do escritor pela leitura foi despertado ainda na infância, tanto que a escrita, a leitura e a pintura começam a fazer parte de sua vida desde cedo. Aos seis anos já escrevia bilhetes para seu avô e quando era estudante em sua cidade natal, já colaborava com artigos em jornais escolares.
José Bento Monteiro Lobato é conhecido como o mestre da Literatura Infantil. Nasceu em Taubaté (SP) e começou a publicar seus primeiros contos no jornal “O Estado de São Paulo”. Desde adolescente começara a lidar com as letras, escrevendo crônicas e artigos para a imprensa do interior e da capital paulista. Amante da leitura, preocupava-se com a renovação da Literatura Brasileira, no sentido de buscar o nacional tanto na realidade quanto na linguagem.
Lobato foi um dos que se empenharam nessa luta pela descoberta e conquista da brasilidade ou do nacional. À princípio na área da Literatura, seja para adultos ou para crianças; mais tarde, no campo econômico e político.
Sabe-se que por volta de 1916, Lobato já se preocupava com os livros de leitura para as crianças. Então, estuda um meio de modificá-las.
Em cartas trocadas com seu amigo Godofredo Rangel, ele diz que tem várias ideias de se fazer isto. Uma delas é “vestir à nacional as velhas fábulas de Esopo e La Fontaine, tudo em prosa e mexendo nas moralidades”. Ele achava a nossa Literatura Infantil muito pobre.
Mas a sua produção original apareceu antes deste trabalho com as fábulas e titulava “A menina do narizinho arrebitado” (1920), o qual foi o livro que o lançou e contém inúmeras ilustrações coloridas. Fez um enorme sucesso entre as crianças; isto devido a um fator muito importante: os pequenos se sentiam identificados e à vontade com as situações narradas (familiar e afetiva), que penetrava pelo maravilhoso e pelo mágico. Neste contexto, Lobato fundia o Real e o Maravilhoso em uma única realidade.
Dedicou-se intensamente à Literatura Infantil e publicou várias obras de imaginação e fonte de alegria, das quais se destacam: Reinações de Narizinho (1921), O Saci (1921), O Marquês de Rabicó (1922), O Pica Pau Amarelo (1939), entre outras. Nessas histórias criou o Sítio do Pica Pau Amarelo, o qual é o lugar onde se passa a maioria de suas histórias infantis. O Sítio do Pica Pau Amarelo é um sítio no interior do Brasil, tendo como uma das personagens a senhora dona da fazenda Dona Benta, seus netos Narizinho e Pedrinho e a empregada Tia Nastácia. Essas personagens foram complementadas pela imaginação das crianças com a irreverente boneca Emília, o sábio Visconde de Sabugosa, o porco Rabicó, o rinoceronte Quindim etc.
Em 1926 seus livros já estavam sendo traduzidos no exterior. Isso mostra que “Lobato conseguiu fixar o nacional em sua essência humana e universal. Durante anos, gerações de crianças, brasileiras ou não, moraram no Sítio do Pica Pau Amarelo”
Lobato foi um intelectual comprometido com o nacionalismo. Com grande compreensão do homem e da terra brasileira, renovou a arte da narrativa, encontrando o caminho criador que a Literatura Infantil estava precisando. Então, rompe com as convenções estereotipadas e abre as portas para as novas ideias e formas que o século XX exigia.
Em sua obra de literatura geral, há livros de ficção e outros sobre questões sociais, políticas e econômicas, mas todos apresentam caráter nacionalista e interesse pelos problemas do país e pela construção do seu futuro. Dentre suas obras destacam-se também: Urupês (1ª coletânea de contos – 1918), Negrinha (1920), A onda verde (1921), O macaco que se fez homem (1923).
Quando a televisão começou a despertar o interesse, também como fonte de lazer assim como a leitura e esta queria desaparecer, a criação de Monteiro Lobato conheceu uma nova fase: a da teledramaturgia. Em 1952, inicia na TV a série “O Sítio do Pica Pau Amarelo”. Redescobrindo as personagens lobatianas para esse novo público, formado pelo imediatismo da imagem, foi aberto novamente o caminho para a leitura do mundo escrito por Lobato, pois fascinados pelo espetáculo, acabavam indo aos livros.
Sua vasta produção na área infanto-juvenil reúne obras originais, adaptações e traduções. Eis algumas delas:
• Originais: A menina do narizinho arrebitado (1920), O saci (1921), O marquês de rabicó (1922), A caçada da onça (1924), Emília no país da gramática (1933).
• Adaptações: O irmão de Pinóquio, O gato Félix (1927), História do mundo para fazenda Dona Benta, seus netos Narizinho e Pedrinho e a empregada Tia Nastácia. Essas personagens foram complementadas pela imaginação das crianças com a irreverente boneca Emília, o sábio Visconde de Sabugosa, o porco Rabicó, o rinoceronte Quindim etc.
Em 1926 seus livros já estavam sendo traduzidos no exterior. Isso mostra que “Lobato conseguiu fixar o nacional em sua essência humana e universal. Durante anos, gerações de crianças, brasileiras ou não, moraram no Sítio do Pica Pau Amarelo”
Lobato foi um intelectual comprometido com o nacionalismo. Com grande compreensão do homem e da terra brasileira, renovou a arte da narrativa, encontrando o caminho criador que a Literatura Infantil estava precisando. Então, rompe com as convenções estereotipadas e abre as portas para as novas ideias e formas que o século XX exigia.
Em sua obra de literatura geral, há livros de ficção e outros sobre questões sociais, políticas eeconômicas, mas todos apresentam caráter nacionalista e interesse pelos problemas do país e pela construção do seu futuro. Dentre suas obras destacam-se também: Urupês (1ª coletânea de contos – 1918), Negrinha (1920), A onda verde (1921), O macaco que se fez homem (1923).
Quando a televisão começou a despertar o interesse, também como fonte de lazer assim como a leitura e esta queria desaparecer, a criação de Monteiro Lobato conheceu uma nova fase: a da teledramaturgia. Em 1952, inicia na TV a série “O Sítio do Pica Pau Amarelo”. Redescobrindo as personagens lobatianas para esse novo público, formado pelo imediatismo da imagem, foi aberto novamente o caminho para a leitura do mundo escrito por Lobato, pois fascinados pelo espetáculo, acabavam indo aos livros.
Sua vasta produção na área infanto-juvenil reúne obras originais, adaptações e traduções. Eis algumas delas:
• Originais: A menina do narizinho arrebitado (1920), O saci (1921), O marquês de rabicó (1922), A caçada da onça (1924), Emília no país da gramática (1933).
• Adaptações: O irmão de Pinóquio, O gato Félix (1927), História do mundo para crianças (1933), Histórias de tia Nastácia (1937).
• Traduções (anos 30): Alice no país das maravilhas (Lewis Carroll), O lobo do mar (Jack London), Pinóquio (Collodi), Pollyana e Pollyana moça (Eleanor Porter)
É nas narrativas originais que se encontra a maior originalidade de Monteiro Lobato, a qual se destaca por redescobrir realidades estáticas e dar a elas vida nova. Já em suas adaptações, Lobato atendeu a dois objetivos, em que por um lado queria levar até às crianças o conhecimento da tradição e por outro queria questionar as verdades. Suas traduções, que tiveram maior produção nos anos 30, foram bastante férteis, pois através delas várias obras importantes tornaram-se acessíveis aos leitores brasileiros.
O autor morreu em 4 de julho de 1948, em São Paulo (SP)
Veja outros nomes importantes da literatura infantil Brasileira
Ana Maria Machado
Nasceu no Rio de Janeiro, em 1941, foi uma das fundadoras da primeira livraria infantil no Brasil, a Malasartes. Ganhadora do Prêmio Jabuti em 1978 e do Prêmio Hans Christian Andersen, o mais importante prêmio da Literatura Infantil, em 2000. Até hoje, vendeu em torno de 19 milhões de exemplares de suas obras e, além de ser a atual presidenta da Academia Brasileira de Letras (Biênio 2012/2013).
Cecília Meireles
Nasceu no Rio de Janeiro em 1901 e faleceu em 1963. Porém, muitas de suas obras como “Ou isto ou aquilo”, são lembradas até os dias de hoje. Entre os diversos prêmios que conquistou, destaca-se o Jabuti de tradução da obra literária, pelo livro “Poemas de Israel”.
Elias José
Publicou 114 livros e recebeu diversos prêmios dedicados à Literatura Infantil. Entre eles, o Jabuti, Fernando Chinaglia e Adolfo Aizen.
Eva Furnari
Nasceu em Roma, Itália, em 1948, e veio para o Brasil com dois anos de idade. Eva, além de escritora é ilustradora e, conquistou seis Prêmios Jabuti de ilustração (1986, 1991, 1993, 1995, 1998 e 2006). Colaborando com o encarte “Folinha”, Eva criou uma de suas maiores personagens: A Bruxinha.
Ganymédes José
Foi um dos mais influentes escritores da literatura infantil Brasileira nos anos 70 e 80. Além de escritor, era ilustrador de seus livros e entre suas principais obras estão: “Amarelinho”, “Vivi Pimenta” e “Galinha Manduca”, ganhou o prêmio Jabuti em 1985.
Lygia Bojunga Nunes
Vencedora do Prêmio Jabuti em 1973, com o livro “Os Colegas” e conquistou, também o Prêmio Hans Christian Andersen, o mais importante prêmio da Literatura Infantil, em 1982, com o livro “A Bolsa Amarela.”
Mary e Eliardo França
O casal é um dos grandes fenômenos do mercado editorial brasileiro. Autores de livros para crianças. Juntos, tem mais de 140 títulos publicados, entre eles: “Cacho de histórias”, “Cavalinho de vento” e “Alegria, alegria”, além de ganharem diversos prêmios da Literatura Brasileira.
Maurício de Souza
Nasceu em Santa Izabel, SP, em 1935 e é o criador da Turma da Mônica. Com suas ilustrações, Maurício de Souza conseguiu passar inúmeras mensagens positivas e aprendizados para crianças do Brasil.
Ruth Rocha
Nasceu em 1931 na cidade de São Paulo e começou a escrever em 1967 – Tem mais de 130 títulos publicados, entre livros de ficção, didáticos, paradidáticos e em dicionário. Entre eles estão: “Declaração Universal dos Direitos Humanos” e “Azul e lindo – Planeta Terra Nossa casa” e “Marcelo, Marmelo, Martelo”. Ganhou cinco vezes o Prêmio Jabuti e suas histórias estão traduzidas em mais de 25 idiomas.
Sylvia Orthof
Nasceu em Petrópolis em 1932 e faleceu em 1977 – Ganhou o prêmio Jabuti com os livros “A Vaca mimosa” e “A Mosca Zenilda”, em 1977.
Tatiana Belinky
Mesmo nascendo em São Petesburgo, na Rússia, ganhou diversos prêmios literários, inclusive o Jabuti de personalidade literária. A escritora, que nasceu em 1919, adaptou a primeira versão do Sitio do Pica pau Amarelo.
Ziraldo
Nasceu em Caratinga, MG, em 1932 e tornou-se um dos mais conhecidos e aclamados escritores brasileiros, Ziraldo é o “Pai” do Menino Maluquinho. Além desta primordial obra, ele criou: “O Menino do Rio Doce”, “A Supermãe”, “O joelho Juvenal”, “Uma professora muito maluquinha”, “Rolim”, entre muitos outros.
POEMA E POESIA
A poesia é uma forma diferente de escrever sobre os sentimentos e emoções. É diferente porque para fazer uma poesia, não basta só escrever o que pensa, o importante é combinar as palavras.
Quem escreve poesias é o poeta e não basta apenas ter criatividade, tem que estar atento à riqueza da linguagem e os aspectos gramaticais. Por isso, alguns dizem que o poeta é o mestre em lapidar as palavras.
Toda poesia é formada por versos, que são linhas de um poema. Eles têm que ter efeitos sonoros, além de apresentar unidade que tenham sentido.
Os versos estão organizados em grupos chamados de estrofes, que por sua vez são formados pela mesma métrica, ou seja, pelo mesmo conjunto de regras que dirigem a medida, o ritmo e a organização do verso, da estrofe e do poema como um todo.
Veja um trecho da música Ursinho Pimpão, que é uma poesia que virou música:
Vem meu ursinho querido
Meu companheirinho
Ursinho Pimpão
Vamos sonhar aventuras
Voar nas alturas
Da imaginação
As rimas são fundamentais em uma poesia. Você já deve ter ouvido falar nelas, pois aparecem nos sons finais, que são iguais em duas palavras, como por exemplo, asa, casa ou em Ana bacana.
Outro elemento importante dos versos é o ritmo que é a sucessão de tempos fortes e fracos que se alternam com intervalos regulares em uma estrofe. Ele é estabelecido pela entonação de sílabas fortes e fracas ao longo da poesia.
Veja como os versos podem se organizar:
Posição na estrofe:
Cruzada ou alternada: o primeiro verso rima com o terceiro, e o segundo com o quarto:
Interpolada: o primeiro verso rima com o quarto, e o segundo com o terceiro:
Quanto à tonicidade
Agudas: quando rimam palavras oxítonas ou monossilábicas: a/mor e com/por; a/mém e Be/lém.
Graves: quando rimam palavras paroxítonas: an/ta e man/ta; qui/os/que e bos/que.
Esdrúxulas: quando rimam palavras proparoxítonas: má/gi/co e trá/gi/co; li/ri/co e o/ní/ri/co.
Quanto à sonoridade
Perfeitas: há uma perfeita identidade dos sons finais: festa e manifesta - cedo e medo.
Imperfeitas: quando não há uma perfeita identidade dos sons finais - céu e breu; sais e paz.
Consoantes: quando há os mesmos sons a partir da última tônica - perto e incerto; dezenas e apenas.
Toantes: quando só há identidade com a vogal tônica do verso - terra e pedra; vela e terra.
Quanto ao valor
Pobres: quando rimam palavras da mesma classe gramatical - amor e flor; meu e teu.
Ricas: quando rimam palavras de classes gramaticais diferentes - festa e manifesta; cedo e medo.
Poesia Concreta: a poesia divertida
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As palavras podem formar figuras! Esta é a poesia concreta!
A POESIA INFANTIL
Muitos professores trabalham com a poesia infantil por ela ser geralmente curta e de fácil aplicação em sala de aula e, por apresentar estruturas que brincam com o ritmo e a musicalidade, torna-se muito atrativa às crianças, sendo uma categoria textual capaz de despertar leitores de qualquer faixa etária. Embora todos esses motivos sejam relevantes, estes não constituem a principal razão que nos levou a destacar o poema como um gênero privilegiado da literatura a ser estimulado em sala de aula.
A poesia, antes de tudo, é a transfiguração da realidade em expressão de beleza e de contemplação emocional. Ela desperta a sensibilidade e os valores estéticos. Aprimora as emoções e a sensibilidade, aguça sensações. Brinca com múltiplos significados, materializa o prazer, torna a criança receptiva às manifestações de beleza. É comunicação, fonte de saber. É profundidade. A poesia exige introspecção porque joga com múltiplos sentidos, realçando signos e significantes. O poema demanda de seu leitor um olhar mais atento, uma ativa mobilização do lado intelectual e afetivo, requerendo um entrelaçamento contínuo de emoções e desejos, juízos e considerações. Incompatível com a passividade, a poesia leva a criança a se perceber como sujeito construtor de significados, aquele que não se contenta com as versões recebidas, mas que questiona e transforma a realidade interior e exterior. Na criança, a poesia pode ser a centelha que deflagrará o encantamento, a inspiração, a fantástica capacidade de surpreender-se, de maravilhar-se. A poesia propõe a abertura para as diferenças. É um jogo com os sons, os ritmos, os conceitos, as experiências. Na verdade, desde muito cedo, a criança já entra em contato com a linguagem poética, materializada através de diversas manifestações, como as cantigas de roda, acalantos, trava-línguas, parlendas, adivinhas, lengalengas etc.
Muitas vezes, a criança já chega à escola com um riquíssimo repertório de linguagem poética. O uso que a escola fará desta bagagem que a criança traz consigo será determinante no processo de formação do leitor e de sua experiência com o texto poético
O ritmo é uma característica essencial da poesia, pois lhe confere sonoridade. Nós percebemos melhor essas questões de sonoridade ao ler os poemas em voz alta, o que é uma atividade proveitosa para ser realizada também em sala de aula, pedindo que diferentes crianças leiam um mesmo poema, cada uma dando a sua entonação.
A Poesia e as Sensações
Além desses aspectos da composição poética em si, há outros que podem ser suscitados no leitor. Há, por exemplo, palavras que remetem a imagens ou sensações, como sabores, cores, cheiros. É todo o ser envolto na poesia.
Poema em Prosa e Prosa Poética
Há, ainda, poemas que não se organizam em versos e estrofes, parecendo mais um texto em prosa. São os poemas em prosa, que embora não utilizem versos, seguem os mesmos recursos sonoros e de sugestão de imagens e sensações.
A prosa poética também explora esses recursos de linguagem, mas no contexto da narrativa.
Trabalhando Poesia com as Crianças
São inúmeras as possibilidades de trabalho com a linguagem na poesia. O ler em voz alta traz à tona muitos desses aspectos sonoros que podem não ser percebidos em uma leitura silenciosa.
Além disso, a leitura transforma-se num jogo, numa brincadeira. Aguçam-se todos os sentidos para a leitura, que já não é mais somente visual, agora é também auditiva, tátil, gustativa, olfativa...
Esses aspectos valorizam muito mais o trabalho com a poesia que a simples exploração de questões gramaticais, que podem ser muito melhor estudadas nas aulas de gramática, e não na de literatura, não é mesmo?